Folhas brancas,
folhas virgens,
que risco com o meu pensar,
como é a dor que sentis
com este meu dilacerar?
O pensamento é sublime,
a escrita é banal
e eu na minha humana arrogância
subjugo o etéreo ao material.
E eu faço e acontecem,
submetidos à minha força carnal,
ragos de vontades,
mentiras, verdades,
verbos, adjectivos,
desejos, imperativos
que te percorrem
e transcorrem sem parar.
Depois do acto consumado
pouco, ou nada, resta por tocar
e quem te olha, já não te vê.
Só resta a mácula,
o branco sujo pela mão
e o poema ainda quente
que te esventrou sem perdão.
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
A noite diz...
Pergunto à noite imóvel
que murmúrios calou em si,
mas é em surdina feita a sua resposta,
com o maior silêncio que conheci.
E quanto mais pergunto, mais se cerra,
ferida, por eu o cortar,
cada tentativa é uma investida,
calo-me, arrependida por falar.
Estranha é a nocturna linguagem.
Na escuridão, com imponência,
sem quês, nem porquês,
tudo se vislumbra como numa miragem
e o nada aproxima-se de vez.
Agora temo a noite,
ensurdeceu-me porque o quis
e eu grito, mas já não me oiço:
"A noite diz..."
que murmúrios calou em si,
mas é em surdina feita a sua resposta,
com o maior silêncio que conheci.
E quanto mais pergunto, mais se cerra,
ferida, por eu o cortar,
cada tentativa é uma investida,
calo-me, arrependida por falar.
Estranha é a nocturna linguagem.
Na escuridão, com imponência,
sem quês, nem porquês,
tudo se vislumbra como numa miragem
e o nada aproxima-se de vez.
Agora temo a noite,
ensurdeceu-me porque o quis
e eu grito, mas já não me oiço:
"A noite diz..."
quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Ainda é Verão
Tantas vezes partimos
que algo se parte a cada adeus.
Nos teus olhos
antecipo a distância dos meus.
Nesse espelho
vejo que não goteja
porque ainda é Verão
e não antecipo o Inverno
que gelará o lago primaveril.
Não partas no Inverno,
meu amor!
Sem o calor dos teus braços
os nossos corações tornar-se-ão estátuas
e as estátuas não são como nós,
são frágeis,
frias,
imóveis
e partem-se a cada partida.
que algo se parte a cada adeus.
Nos teus olhos
antecipo a distância dos meus.
Nesse espelho
vejo que não goteja
porque ainda é Verão
e não antecipo o Inverno
que gelará o lago primaveril.
Não partas no Inverno,
meu amor!
Sem o calor dos teus braços
os nossos corações tornar-se-ão estátuas
e as estátuas não são como nós,
são frágeis,
frias,
imóveis
e partem-se a cada partida.
sexta-feira, 12 de agosto de 2011
domingo, 7 de agosto de 2011
Partida
Mal se instalara o acre da partida
E já ardia a ausência.
Matizes em tom de saudade
Contorcendo-se,
Adensando-se numa espiral confusa,
Num movimento concêntrico.
E a distância como que aumentava
A cada círculo completo
No espartilho do tempo.
E a angústia da espera
Já não advinha da dor,
Mas sim da urgência do reencontro.
Então,
Nesse momento,
Dir-te-ei sem palavras
(como sempre o faço)
Que não é um pêndulo
Que rege o meu dia,
São outras batidas
E silêncios feitos poesia.
E já ardia a ausência.
Matizes em tom de saudade
Contorcendo-se,
Adensando-se numa espiral confusa,
Num movimento concêntrico.
E a distância como que aumentava
A cada círculo completo
No espartilho do tempo.
E a angústia da espera
Já não advinha da dor,
Mas sim da urgência do reencontro.
Então,
Nesse momento,
Dir-te-ei sem palavras
(como sempre o faço)
Que não é um pêndulo
Que rege o meu dia,
São outras batidas
E silêncios feitos poesia.
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