domingo, 31 de maio de 2009

Lanche à tardinha

Juntei à minha aparente presença
uma xícara de café e um bolo.
Reparo em olhares,
mesquinhez, maltrapilhos
que, sem ter como,
procuram a sua própria satisfação.

Um pombo pousou na estátua.
O pintor apaixonado
retracta-o na tela feita de céu.
Distraído, não repara.

O pombo voou
e pousou no beiral.

Uma rapariga
aproxima-se do detentor do pincel,
mas este
julga-a tão reles
que nem se digna a sorrir
para aquela que o fita,
em busca de resposta.

Uma folha de papel
depositada em cima do banco de jardim
espera,
imperceptivelmente calma e serena,
talvez esquecida ao acaso,
mas espera.
Uma mão agarra-a
e acrescenta-a ao enorme monte
de outros papeis,
sujos...
gordurosos...
que a encardem,
com imenso reconforto.

Insignificantes,
presentes em primeira página,
mas inúteis...
Mulheres lindas e avolumadas,
talvez como um belo colchão velho?!
Por fora desnecessariamente cuidadas,
mas por dentro,
Abunda uma podridão
Realmente perturbadora,
Mas insignificante...
(Ou é-me insignificante?...)

O meu olhar...
continuo.
Não posso?!...
É mais correcto dizer que
não devo.
Mas que importa?
Que me importa?
Prossigo...
vou prosseguir,
buscando.
Mas buscando o quê?
Buscando quem?
Alguém especial?
Ou simplesmente desfragmentando,
distorcendo a verdade
(ou mentira?).
Chegando à conclusão
que não me encontro hoje,
mas quem sabe,
noutro dia?



(1-8-01)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

domingo, 3 de maio de 2009

Impossibilidades

É um conflito interior.
É o acaso num momento.
É a despedida da mundividência
e viver num só segundo,
pertencendo ao que é livre:
a essência da impossibilidade,
uma possível realidade.