quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Guarda-joias


Minha mãe deu-me uma caixinha,
modesta, mas eficaz
no seu propósito de guardar
jóias e perguntas,
segredos de encantar.

A caixa não tinha fundo, 
mas bastante albergava,
E, apesar de finita,
era um mistério,
o tanto que guardava.

Outrora caixa de tesouros,
agora caixa para esconder,
pedras pesadas, 
saudades (mais do que mágoas),
para que ninguém as possa ver.

E por mais que a queiram abrir,
com mil chaves está cerrada,
nem espreitando se vislumbra
o quanto abarca, e abraça,
entre lágrimas, na penumbra.

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